Recentemente, foi lançado um game que está dando o que falar: “ABZÛ“. O game é uma estreia da Giant Squid, moldado a partir da obra-prima da ThatGameCompany, carregando não apenas a mesma filosofia do estúdio como também seu talento. Parte da equipe responsável por “Journey” trabalhou diretamente em “ABZÛ”, incluindo seu diretor de arte, Matt Nava, que atuou como diretor criativo. Confira a minha análise!
De certa forma, “ABZÛ” replica todas as qualidades de “Voyage“, em diferentes graus de equivalência. O simples correr e deslizar sobre a areia são substituídos pelo mergulho. Sem a necessidade de subir até a superfície para recuperar oxigênio, seu personagem pode nadar para qualquer direção.
A liberdade de movimentos que o game nos dá é impressionante: podemos saltar como golfinhos, realizar loopings debaixo d’água e nadar de cabeça para baixo. De algum modo, a equipe da Giant Squid foi capaz de desenvolver um sistema de mergulho que nunca nos deixa perdido — ainda que eu tenha sentido a necessidade de acessar o menu de câmera para alguns ajustes, no princípio.
Por mais que a simulação da vida marítima seja repleta de sistemas avançados, não é isso que vemos e sentimos enquanto mergulhamos entre suas algas e cardumes. A beleza incrível de seus cenários evocam sentimentos tão fortes que “ABZÛ” se torna uma experiência puramente emocional e sensorial. Por mais que existam padrões lógicos em sua estrutura, eles se tornam secundários perto de panoramas tão exuberantes.
Os cenários são ricos em vegetação, com enormes algas que balançam constantemente de um lado para o outro. Os peixes e mamíferos preenchem o espaço, compondo uma valsa de movimentos, formas e cores. Testemunhamos a cadeia alimentar em ação em diferentes ecossistemas e nadamos de um ponto ao outro, observando uma infinidade de espécies. É uma das experiências mais acolhedoras e libertadoras em um game do gênero.
Identificamos um padrão no game: é preciso encontrar alguns drones enterrados na areia, que abrem caminho a novos cenários. Há também objetivos opcionais, como a busca por áreas de meditação, conchas de crustáceos e pequenos portais que liberam novas espécies aos ambientes. Ao final de cada área principal, sempre chegamos a abismos sombrios, onde precisamos recuperar a vida local.
Contudo, nada disso, envolve confrontos contra chefes ou desafios semelhantes. Há, inclusive, menos desafio aqui do que havia em “Voyage“. Além disso, praticamente toda a experiência é pacífica e, no máximo, precisamos encontrar os mecanismos que liberarão a passagem para a próxima área com novos cenários.
Isso não quer dizer que “ABZÛ” evita conflito. Há um elemento hostil em certo momento do game, que tem uma função mais narrativa do que mecânica e ajuda a construir o sentimento de superação e transformação de um indivíduo. Trata-se de uma história transmitida de forma subjetiva e não verbal — inclusive, similar a “Voyage“, através de painéis deixados por civilizações antigas.
Mesmo sem um modo multiplayer, “ABZÛ” é uma experiência mais incrível, sobre a busca pela harmonia entre as espécies e o empoderamento dessa união. É uma belíssima alegoria, que parece dizer muito sobre a necessidade de desconstrução da rivalidade entre povos, principalmente em épocas de tanta polarização política.
Embora a curta experiência seja encantadora e impactante — certamente uma das coisas mais belas a surgir nos videogames nos últimos anos –, “ABZÛ” sofre um pouco com sua falta de profundidade determinados momentos de jogatina. Por outro lado, nem mesmo “Voyage” apresentava essas características, mas haviam ali elementos de progressão e uma certa complexidade no funcionamento dos movimentos do personagem.
Isso é notável, como, por exemplo: na questão do tamanho do cachecol do personagem, que determinava o alcance do voo do herói, tal como o já mencionado sistema de cooperação online, que amplificava o significado da experiência. “ABZÛ” abdica desses elementos sem substituí-los, deixando um “GAP”. Ele instiga o player a explorar seus cenários em busca de certos objetos mas nunca o faz entender quais são os benefícios mecânicos de coletá-los — se é que eles existem.
No entanto, ao nos deparar com a beleza e exuberância de seus movimentos, cores, formas e melodias, “ABZÛ” se liberta desta necessidade. Ele é capaz de nos fazer sequer notar o brilhantismo técnico por trás de suas simulações e sistemas, tamanho é o poder de encantamento de suas imagens e músicas, bem como deixamos de reparar nas inúmeras partes que compõem um filme quando estamos emocionalmente envolvidos com sua história e personagens.
Mon avis
- Graphique
- Interface
- Amusement
- Gameplay
- Fonctionnalités
Conclusion
Em uma mídia na qual a norma é o caos, o barulho, a violência, a competição e o conflito, “ABZÛ” é uma experiência calma e pacífica que nos lembra da importância de relaxar, respirar e procurar a beleza que nos cerca, mas nos foge aos olhos.
Mon avis
- Graphique
- Interface
- Amusement
- Gameplay
- Fonctionnalités
Conclusion
Em uma mídia na qual a norma é o caos, o barulho, a violência, a competição e o conflito, “ABZÛ” é uma experiência calma e pacífica que nos lembra da importância de relaxar, respirar e procurar a beleza que nos cerca, mas nos foge aos olhos.