Review: Assassin’s Creed Origins

Olha só quem chegou… Assassin’s Creed Origins, o último lançamento da consagrada franquia da Ubisoft. Lançado para as plataformas PlayStation 4, Xbox One e PC, o título se renova ao trazer um novo protagonista, sistema de combate reconstruído e um mapa formidável em mundo aberto ambientado no Egito Antigo.

Sem sombra de dúvidas, até os fãs mais assíduos reconhece que Assassin’s Creed precisava se reinventar por completo, evitando se tornar uma franquia “mais do mesmo”. Foi justamente depois de Assassin’s Creed Syndicate, situado na Revolução Industrial e lançado em 2015, que a Ubisoft resolveu colocar os assassinos na geladeira para ganhar tempo e retornar em grande estilo. Assassin’s Creed Origins vai direto ao ponto: é o retorno triunfal que todos nós gamers esperávamos há anos.

Assassin’s Creed Origins é uma nova jornada, pois conduz o player às origens da Irmandade dos Assassinos, no Egito Antigo, entre pirâmides e tumbas escondidas no deserto. O protagonista é Bayek de Siuá, um protetor de faraó e defensor do povo egípcio que se torna um matador ao presenciar a morte do seu filho.

Além disso, Bayek é, sem dúvidas, um dos protagonistas mais interessantes de toda a série. Isso porque o personagem é obrigado a lidar com o seu passado cruel, que o transforma em um assassino impiedoso, atormentado e com sede de vingança. A história profunda e suas motivações estreitam de maneira singular a relação entre jogador e personagem.

Para explorar o deserto, Bayek conta com a ajuda de um camelo – que posteriormente pode ser substituído por um cavalo no estábulo – e sua águia Senu. Ao acioná-la, ele ganha uma visão panorâmica da área e, partir disso, consegue mapear o território inimigo por completo, além de pontos de interesse relevantes, como itens escondidos, atalhos, tumbas e missões extras.

Ainda assim, a presença da ave (algo parecido com o drone de Watch Dogs 2), uma das novidades apresentadas, é uma das maiores adições do jogo, o que garante uma dinâmica diferente, mais voltada à estratégia. O sistema de combate também foi completamente redesenhado para dar novo compasso às lutas. Em vez de apostar em animações temporizadas, a movimentação de Bayek é a mistura perfeita entre The Witcher e Dark Souls, com golpes que demandam posicionamento inteligente.

O ritmo do combate presente em Assassin’s Creed Origins é como uma autêntica dança, em que a esquiva e defesa são passos essenciais. Apesar de funcionar bem, o novo sistema de batalha requer adaptação e treino – muito treino, especialmente para fãs mais antigos que estão adaptados à luta leve e acelerada dos títulos anteriores.

Embora seja um game de ação em terceira pessoa, ele traz um sistema de loot herdado de RPGs atuais, algo semelhante ao que se vê em Destiny e The Division. Em vez de comprar equipamentos, Bayek passa a adquiri-los em missões e atividades pelo mundo. Armas e vestimentas têm níveis de raridade e poder, portanto é necessário trocá-las por opções melhores com uma certa frequência.

No game, existe também um sistema robusto de progressão que oferece várias habilidades desbloqueáveis ao player. É claro que isso não é uma grande novidade na franquia Assassin’s Creed, mas o nível de profundidade dos atributos é admirável, o que possibilita novas formas de jogar e agir diante dos inimigos.

O arco, por exemplo, que passou a ser um item indispensável, ganhou atenção especial e traz habilidades novas por meio da árvore de skills. Bayek deve caçar animais com o seu arco e flecha para obter matéria-prima no melhor estilo Far Cry. Ainda assim, você pode utilizar a qualquer momento o material coletado para confeccionar bolsas ainda maiores e acessórios adicionais que aumentam a defesa e ampliam a taxa de dano.

Diferente dos títulos anteriores, agora as missões exigem um nível recomendado para serem devidamente concluídas. Você até pode se arriscar em tarefas de nível máximo, mas terá de lutar muito mais, visto que os inimigos causam dano elevado e absorvem investidas com uma certa facilidade. Por conta disso, é necessário retornar a pontos já visitados do mapa para resolver atividades avançadas.

Mesmo mantendo a essência tradicional de Assassin’s Creed, o novo Origins é o game mais ambicioso e diversificado. Você ainda terá de realizar saltos de fé para desbloquear novas áreas no mapa, porém as missões apostam em variedade, evitando aquela clássica sensação de estar fazendo sempre a mesma coisa.

Além disso, o character Bayek é capaz de explorar e escalar pirâmides, desertos, tumbas escondidas e oásis em cinco regiões colossais por todo o mapa. Ainda assim, o game “brinda” os players com o maior mapa já visto na série – e um dos maiores em jogos do gênero. Os cenários de Cirenaica, Siuá, Guiza, Nilo e Faium chegam a assustar por terem dimensões positivamente exageradas. São horas e horas para explorar! 😀

Assassin’s Creed Origins comprova que o tempo de produção prolongado só fez bem ao seu visual e todas as características que o compõem. O game evoluiu bastante, é impressionante em comparação a Syndicate e o cuidado com os detalhes dos cenários é de deixar qualquer um maravilhado. Os trabalhos de iluminação e clima dinâmico também estão impecáveis, proporcionando cenas incrivelmente realistas.

Desenhos de faraós gravados nas paredes, monumentos conhecidos e figuras históricas dão o ar da graça e contribuem para imergir o jogador em um mundo paralelo no Antigo Egito. Para completar, ainda há momentos cinematográficos inesquecíveis, mesmo em atividades que não estão diretamente relacionadas à campanha.

Como era de se esperar, Origins é mais um game de mundo aberto a sofrer com problemas típicos da fórmula, como texturas que somem de uma hora para outra e personagens que percorrem áreas inacessíveis, nada comparado com Syndicate. Mesmo com deslizes que certamente serão corrigidos por meio de atualizações, esse é um dos títulos mais estáveis da franquia Assassin’s Creed no período de lançamento.